Uma condição clínica sem causa definida e sem cura que afeta o sistema digestivo e gera sintomas muito desgastantes: essa é uma boa definição de o que é Doença de Crohn, uma patologia com incidência crescente no Brasil e no mundo. Para saber mais sobre a Doença de Crohn confira a seguir!

O que é a Doença de Crohn?

A Doença de Crohn é uma doença inflamatória considerada séria e ocorre no trato gastrointestinal.

Ela afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado (aquela que chamamos de íleo) e intestino grosso (que é conhecido como cólon), mas pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, porém de forma menos frequente.

A Doença de Crohn é grave?

Sim, a Doença de Crohn é considerada grave. Esta classificação se dá porque a doença pode afetar os tecidos gastrointestinais de uma forma bastante profunda, sendo um fator de risco para o câncer de intestino.

Causas da Doença de Crohn

Acreditamos que a síndrome ocorra devido a uma desregulação do sistema imunológico, pois a Doença de Crohn pode baixar a imunidade. Outros fatores, como genética, condições da flora intestinal, qualidade da dieta e infecções prévias, também podem dar sua contribuição.

O que se sabe é que quem tem histórico de Crohn na família possui maior risco de desenvolver o quadro. Trata-se de uma doença poligenética, ou seja, vários genes estão envolvidos. A verdade é que existem muitos estudos, mas ainda não conseguimos dar uma boa explicação referente às causas da doença de Crohn.

A síndrome também é mais comum em quem tem disbiose, que é um desequilíbrio na flora intestinal, e entre os tabagistas.

Sintomas da Doença de Crohn

Os primeiros sintomas da Doença de Crohn podem levar meses ou anos para aparecer, isso porque depende do tamanho e seriedade da inflamação. Além disso, algumas pessoas podem apresentar um ou mais sintomas e não desconfiar de Crohn, já que os sintomas podem ser confundidos com outros problemas gastrointestinais bastante comuns.

Embora os sintomas possam variar bastante de uma pessoa para a outra, os mais comuns que nos fazem perceber o surgimento da Doença de Crohn são:

1. Diarreia intensa e persistente;
2. Dor na região do estômago;
3. Presença de sangue ou muco nas fezes, pois a Doença de Crohn causa sangramento;
4. Cólicas abdominais frequentes;
5. Vontade repentina para defecar;
6. Cansaço excessivo frequente;
7. Febre persistente entre 37,5º a 38º;
8. Perda de peso sem razão aparente.

Estes sintomas normalmente aparecem por períodos que nós chamamos de “crises”, depois tendem a desaparecer completamente, até que uma nova crise aconteça.

Além disso, em alguns casos, essa doença pode também afetar os olhos, deixando-os inflamados, vermelhos e com sensibilidade à luz, podendo também aumentar também o risco de câncer no cólon.

Como é o diagnóstico de Crohn?

O diagnóstico inicial da Doença de Crohn deve ser feito pelo gastroenterologista ou clínico geral através da análise dos sinais e sintomas apresentados pela pessoa, além da avaliação do histórico de saúde e familiar. Além disso, durante a consulta pode ser também realizado exame físico e ser solicitada a realização de exames laboratoriais.

Para confirmar o diagnóstico e verificar a gravidade da doença, podem ser solicitados exames de imagem, sendo principalmente indicada a realização da colonoscopia, que é uma exame que permite observar as paredes do intestino, identificando sinais de inflamação. A Doença de Crohn aparece na colonoscopia. Durante a colonoscopia, é comum que o médico retire uma pequena amostra da parede intestinal para que seja feita uma biópsia e o diagnóstico possa ser confirmado. 

Além da colonoscopia pode ser realizada também uma endoscopia alta, quando há sinais e sintomas que indiquem inflamação da parte superior do intestino. Raio-X, ultrassonografia abdominal, ressonância e tomografia computadorizada são indicadas para ajudar a identificar fístulas e outras alterações intestinais.

Crohn tem tratamento?

A Doença de Crohn não tem cura e, por isso, as alterações nos hábitos alimentares são muito importantes para reduzir os sintomas, uma vez que certos alimentos podem provocar ou agravar as crises da doença. Assim, é recomendado controlar a quantidade de fibras ingeridas, reduzir na quantidade de gorduras e limitar o consumo de derivados do leite. Além disso, é muito importante apostar na hidratação diária de forma a evitar a desidratação.

Durante as crises, o médico pode também indicar o uso de alguns remédios anti-inflamatórios para reduzir a dor e inflamação, assim como podem ser indicados remédios que ajudem no controle da diarreia. Nos casos mais graves da doença, pode ser indicada a realização de uma intervenção cirúrgica, de forma a remover porções do intestino afetadas e danificadas, que possam estar causando os sintomas.

Alimentação para quem tem Crohn

A dieta para a Doença de Crohn é um dos passos mais importantes do tratamento, já que alguns alimentos podem piorar os sintomas e, por isso, é recomendado que sejam evitados. Por este mesmo motivo também se deve, sempre que possível, optar por opções saudáveis e variadas para evitar que o organismo fique com alguma deficiência nutricional.

A Doença de Crohn interfere diretamente na absorção dos nutrientes. O grau de má absorção depende de quanto o intestino foi afetado ou se parte dele já foi removido por causa da doença.

Por isso, o objetivo da alimentação na doença de Crohn é evitar a irritação do intestino e a desnutrição, favorecer, dentro do possível, a absorção de nutrientes, aliviar os sintomas, evitar novas crises e melhorar a qualidade de vida da pessoa através de uma alimentação natural.

Alguns alimentos permitidos na dieta são:

• Arroz, purês, macarrão e batata;
• Carnes magras, como carne de frango;
• Ovo cozido;
• Peixes como sardinha, atum ou salmão;
• Legumes cozidos, como cenoura, aspargo e abóbora;
• Frutas cozidas e sem casca, como banana e maçã;
• Produtos lácteos, desde que a pessoa não seja intolerante à lactose;
• Abacate e azeite de oliva.

Os alimentos que devem ser evitados porque podem irritar o trato gastrointestinal e agravar os sintomas são:

• Café, chá preto, refrigerantes com cafeína;
• Sementes;
• Verduras cruas e frutas com casca;
• Mamão, laranja e ameixa;
• Mel, açúcar, sorbitol ou manitol;
• Frutos secos, como amendoim, nozes e amêndoas;
• Aveia;
• Chocolate;
• Bebidas alcoólicas;
• Carne de porco e outras carnes gordurosas;
• Biscoitos amanteigados, doces com massa folhada, chocolate;
• Frituras, gratinados, maionese, refeições congeladas industrializadas, manteigas e creme de leite.

Viu como é possível ter uma vida saudável e normal com Crohn?